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sábado, 23 de junho de 2012

#Livro | As Aventuras de Robinson Crusoé


Eu teria inúmeras coisas para falar a respeito deste livro, a começar pelo fato de que ele é um clássico da literatura inglesa e foi, inclusive, o livro que deu início ao gênero romance na Inglaterra. Também pudera. Daniel Defoe, autor da obra, além de ter sido importante para a sua época, é considerado o "pai" do jornalismo britânico. Foi difícil dar uma resumida para esta postagem não ficar muito longa, então tentarei destacar os pontos principais para não perder o foco. 

Em "As aventuras de Robinson Crusoé" - ou apenas 'Robinson Crusoé', como visto em outras edições do livro -, escrito por Daniel Defoe e publicado em  1719, entramos numa viagem cheia de crises existenciais e problemas quase impossíveis de serem resolvidos. Robinson Crusoé é um jovem garoto que completou a maioridade há pouco tempo. Ele ainda não sabe bem o que quer da vida, apenas que quer aproveitá-la enquanto há tempo. Por mais que o seu pai fale milhares de vezes que o certo é ter bons estudos e trabalhar honestamente para constituir uma família, Robinson quer mesmo é ver até onde sua vida lhe levaria, por isso muitas discussões entre ele e o pai acontecem. Depois de uma briga com a mãe justamente por causa desses pensamentos "malucos", ele decide viajar com um amigo que estava prestes a embarcar num navio. Com a roupa do corpo e sem se despedir dos pais, ele viaja. A partir desta viagem a vida de Robinson mudará drasticamente.

O navio em que ele estava afunda, porém ele e mais alguns tripulantes conseguem escapar. Essa era a oportunidade para Robinson desistir de uma vez de tentar ser marinheiro, mas ele não se importa e acaba embarcando em outra viagem e esta, novamente, não dá certo. Desta vez o navio é invadido por piratas, que acabam obrigando a todos da tripulação a virarem seus escravos, Robinson incluído. Ele fica trabalhando como escravo por dois anos numa ilha, sempre fazendo planos de escapar. Um dia, por sorte, ele consegue fugir levando consigo um outro escravo, Xury, um garoto mouro.  No meio da fuga eles são resgatados por um navio português, que lhes dá segurança e um emprego. Este navio estava indo em direção ao Brasil, lugar onde Robinson irá, com seu trabalho, conseguir terras boas e aos poucos enriquecer. Só que, mesmo já tendo uma vida estável, Robinson não está satisfeito. Ele quer viver novas experiências, ver o que está além das coisas que já conhece. Então embarca de novo em uma nova viagem, agora para pegar escravos.

No entanto, a viagem desta vez não tem um final muito feliz. O navio bate em um banco de areia e encalha. As pessoas tentam fugir em um bote, mas acabam naufragando e o único que consegue se salvar é Robinson, sabe-se lá como. Ele acaba parando numa ilha aparentemente inabitada e como qualquer um naquela situação, ele fica com medo de encontrar animais selvagens e morrer sozinho ali. Robinson explora a ilha e consegue, com muito esforço, pegar algumas coisas úteis que estavam dentro do navio encalhado. Aos poucos ele começa a criar uma casa, a conhecer mais o local onde iria ficar, a aprender como sobreviver por ali e tudo mais. 

Depois de vários desafios a sua sobrevivência, vinte e poucos anos se passam e Robinson está muito bem, obrigada. Ele já está até se sentindo o dono da ilha e vivendo em paz. Entretanto, certo dia, as coisas pioram. Ele encontra pegadas humanas na areia e percebe que a ilha não era tão inabitada assim, então fica observando para ver se encontra algum movimento e dá de cara com canibais que levavam seus prisioneiros para a ilha e, lá, os comiam. Um dos prisioneiros escapa, Robinson o dá abrigo e depois mata os outros canibais. O prisioneiro fugitivo, que também era um canibal, mas de uma tribo inimiga aos outros que morreram, se sente muito agradecido por ter sido salvo por Robinson e pede a ele para ser seu escravo. Robinson aceita, claro, mesmo porque precisava de uma companhia. Ele dá ao rapaz o nome de Sexta-feira (dia em que eles se conheceram) e a partir disso eles viram amigos e irão passar por outros grandes desafios até serem resgatados, anos depois.

Esta obra é escrita a partir do ponto de vista de Robinson e por muitas partes é narrada em forma de diário, dando a entender que a história está sendo contada depois que Robinson é resgatado da ilha, pois em alguns trechos ele parece conversar diretamente com o leitor.

Surpreendentemente, a linguagem é bastante simples, muito fácil de você se prender a ela. É por essas e outras que a obra é considerada clássica, uma vez que a linguagem consegue ser facilmente entendida durante os anos, ela não se prende apenas a forma de falar da época em que foi escrita. Talvez essa simplicidade tenha acontecido porque, na época em que Daniel Defoe escreveu este livro, a literatura havia passado por um processo de restauração.

Outra coisa surpreendente é a descrição nos mínimos detalhes. Daniel consegue descrever perfeitamente os lugares onde ele nunca esteve - pelo menos não há registro, por exemplo, de ele ter conhecido pessoalmente o Brasil - e isso, naquele período, em que não havia tantas informações sobre os lugares além-mar, era um tanto difícil. Como Robinson fica por muitos anos na ilha, essa detalhação toda acaba ficando por muitas vezes enjoativa, o que deixa a leitura se arrastar em alguns trechos desnecessários. Era como se Robinson estivesse vivendo em um constante marasmo na ilha e isso se mostrasse presente na forma meio repetitiva de Daniel narrar.

A obra não possui críticas políticas estampadas claramente, mas possui críticas à sociedade da época, que era extremamente religiosa e aos poucos estava entrando no capitalismo explorador. O próprio Robinson é a representação disso. Por mais que ele tivesse sentimentos, não deixava de explorar o seu amigo Xury para o seu próprio bem, sempre vendo-o como seu subordinado. Ele explorava até mesmo o seu fiel amigo Sexta-feira. Parece que ao mesmo tempo que o via como um grande companheiro, ele via a necessidade de mudar os costumes do "ex-canibal", uma clara representação do pensamento egocêntrico e até mesmo etnocêntrico. Robinson ensina os princípios cristãs para Sexta-feira e o faz se arrepender de ter um dia comido carne humana. Se isso não é considerar a sua visão de mundo melhor do que os dos outros, eu não sei mais o que é. Outra coisa que mostra Robinson um homem que via no dinheiro o grande prazer da vida, é que ele levou dentro do bolso, depois de pegar algumas coisas no navio encalhado, algumas notas de dinheiro, mesmo sabendo que vivia numa ilha e aquilo não teria serventia nenhuma.

Além disso tudo, o existencialismo e a religião são o que mais aparecem de cara no livro. Robinson vive divagando sobre a vida, querendo entender nossa função neste mundo e se perguntando o que se deve fazer em determinadas situações, por isso ele sempre está num empasse entre o fazer e o se arrepender. Ele nunca parece satisfeito com as coisas que faz. E a religião é no que ele mais se prende para passar seus dias na ilha. Robinson sempre está lendo a Bíblia e se guiando no que esta diz para acreditar que ele irá sobreviver e um dia será salvo daquele lugar, que Deus guardou algo de bom para ele por mais que ele mesmo tenha falhado miseravelmente. 

Para quem se interessou pela história, há vários filmes sobre o livro, sendo o filme "Robinson Crusoé", de 1997 com Pierce Brosnan no papel principal, o mais fiel e famoso de todos. Vale a pena assistir.

Para encerrar este post gigantesco, deixo vocês com uma frase reflexiva muito interessante encontrada no livro: "... Procurando alegrar-me com o que eu possuía e não me desesperar com o que eu não tinha, porque os desgostos que nos avassalam e mortificam relativamente às coisas que não temos são todos frutos da falta de reconhecimento pelo que possuímos".


Espero que tenham gostado!

Beijos :)

14 comentários:

  1. Este livro é muito bom e adorei ver esta resenha.
    Recomendo.

    Parabéns!

    Bjos!

    Cida

    http://www.moonlightbooks.net/

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  2. Taí um livro que sempre quis ler, mas sempre acabou ficando pra trás na fila... é clássico, né? Preciso dar mais atenção a eles! Adorei a resenha!

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    1. Oi, Mareska!

      É clássico sim e muito bom. Tem umas coisinhas cansativas, mas vale a leitura.

      Bjins

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  3. Sempre quis ler esse livro, mas nunca comprei e nem pensei em comprar! Mas com certeza se o ver pela frente, vou pegá-lo!

    Ah, quanto ao comentário que deixou no meu blog. Que jogo online é esse de stop? Eu queroooo. Adoro STOP.

    Beijos. Tudo Tem Refrão

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    1. Oi, Ágata!

      Se não quiser comprar, tem ebook na internet. Você nem precisará se sentir culpada por baixar o livro e não comprar, porque já é de domínio público. Tem algumas edições resumidas, mas igualmente muito boas e possuem todas as partes importantes.

      Bjins

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  4. Essa é uma ótima dica de livro, muita gente já me falou que é super legal! *-* Espero lê-lo em breve. :)

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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    1. Oi, Luara!

      É bem legal sim. Como eu tinha dito mais ali pra cima, é um pouquinho cansativo, mas vale a pena até mesmo pela importância dele.

      Bjins

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  5. Nossa, ouvi muito sobre ele quando eu era menor, fiquei muito interessada em ler o livro!
    Beijinhos

    www.hiperbolismos.blogspot.com

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    1. Oi, Amanda!

      Pois é, eu também tinha ouvido falar muito dele quando pequena e, inclusive, conheci a história por causa de um quadrinho. Tem versões para crianças também, por isso é tão conhecida até mesmo para os pequenos.

      Bjins

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  6. Olá!
    Já ouvi falar vagamente sobre o livro, mas nunca tinha lido resenha alguma dele. Achei interessante a linguagem não ser tão difícil - os únicos clássicos que li possuem uma linguagem não muito comum e por isso as vezes se torna um pouco cansativo -.
    Gostei desse livro, parece bem interessante e com uma boa história!

    Beijos.

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    1. Oi, Andressa!

      A linguagem é bastante fácil de acompanhar, apesar de ser cansativo mais pela forma de narração repetitiva, do que por outra coisa. Apesar disso, dá para acompanhar de boa, porque é de fácil entendimento.

      Bjins

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  7. Hey
    Lembro que tinha lido a resenha desse livro em outro blog e curti
    Engraçado acho que na faculdade nem pediram a leitura dele
    Já que é um grande marco para a literatura inglesa.

    Ótima resenha.

    bjs
    Nana - Obsession Valley

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    1. Oi, Nana!

      Pois é, é mesmo estranho que nem falem muito sobre o livro, porque ele é importantíssimo para a literatura inglesa. Deveriam pelo menos citá-lo, né?

      Obrigada!

      Bjins

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