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sábado, 9 de junho de 2012

#Livro | Sete Vidas


Comecei a ler este livro por pura curiosidade, pois "conhecia" as autoras de outros carnavais, lá do mundo das fanfics. Conhecendo a maneira como elas escreviam naquela época, eu pensei que o livro de estreia seria romance e chick-lit puro, então fiquei meio indecisa se leria ou não, mas decidi arriscar. E bom, eu arrisquei bem. O livro em nada se parece com aqueles romances bobinhos cheios de frescurites e marcas de lojas caras. Pode até conter alguns clichês adolescentes, mas não passa disso.

"Sete Vidas", escrito pelas gêmeas curitibanas Mônica e Monique Sperandio, fala sobre a vida de Aprilynne Hills, uma garota orfã "aprendiz de rebelde" que adora receber desafios e burlar as regras, mas que por dentro nada mais é do que uma menina solitária e carente, que gostaria de ter uma família assim como qualquer orfã. Ela mora no orfanato Joy Lenz, onde divide um quarto com suas amigas Claire e Kaleigh, e passa por poucas e boas nas mãos de Angelique, sua inimiga número um, e da severa diretora Wells. Certo dia, quando perde um jogo de pôquer, é desafiada por Angelique a entrar na floresta assustadora que ronda o orfanato. Como April - como é carinhosamente chamada - não é de dizer não a desafios, coloca uma máscara de corajosa e vai com suas amigas até a tal floresta. Chegando lá, as coisas não acontecem como esperado. As meninas têm que se separar para fugir da diretora Wells que está no encalço delas e April acaba ficando sozinha, indo parar perto de um lago. Do nada, gatos começam a aparecer e a persegui-la. Como ela odeia gatos, acaba se jogando no lago frio na tentativa de despistar a atenção deles. O que ela não sabia era que aquele lago guardava, digamos, um segredo... É no lago que ela vê o corpo de uma menina morta e, desde então, passa a ter certos poderes estranhos, poderes esses que a ligarão a um mundo completamente diferente do dela, que envolve até deuses egípcios.

O livro é contado através do ponto de vista de Aprillyne e a linguagem é bem fácil de acompanhar, é daquelas que te mantém presa ao ritmo da história. Confesso que há algumas construções de frases desnecessárias, uma parte aqui e outra ali que poderia ter sido descartada e alguns vícios das autoras que não foram revisados corretamente, porém isso já é de responsabilidade do revisor que não se atentou a esses detalhes.

O mundo da fantasia está bem presente neste livro e foi a parte mais interessante de todas, o ponto alto de todo o livro e o que me fez ficar ligada a ele. O mistério presente te impulsiona a criar várias teorias para tentar compreender o que se passa. Mais lá para frente você percebe que nenhuma das teorias fazem sentido, pois a história foi bem construída e consegue esconder este suspense de uma forma bem sutil. A parte dos deuses egípcios, que aparece no livro como uma forma de flashback, possui uma riqueza de detalhes muito boa. Algumas coisinhas poderiam ter sido melhor pesquisadas, mas como é uma ficção, eu entendo. Cada um tem a "liberdade criativa" que melhor lhe convém. Só o que posso dizer é que gostei muito dessa parte e fiquei maravilhada como cada fato se relaciona com o outro, desde o motivo de Aprillyne viver num orfanato até a aquela garota morta encontrada no lago - para você entender isso precisa prestar atenção nos mínimos detalhes. Nota dez.

Os personagens são divertidos, mas ainda acho que deveriam ter uma personalidade bem mais construída. Gostaria de saber histórias sobre eles para que houvesse uma ligação maior com eles. Sei que grande parte deles são órfãos, logo, muitos não sabem de onde vieram e nem quem são seus pais, mas ainda assim daria para criar alguma historinha só para as cenas do orfanato terem um pouco mais de ritmo. Um exemplo de personagem pouco construído é Ian, um garoto que April terá um envolvimento no decorrer da trama. Não sei, mas senti que ele era um pouco vago, quase não se sabia sobre a vida dele, só o geral, por isso não entendi a mudança de comportamento dele, achei mal explicada. E falando em Ian, que vem representar o romance do livro quando ele se apaixona por April, achei que as Gêmeas Sperandio deixaram este romance na medida certa, mesmo porque não era o ponto principal da história. Não ficou meloso e enjoativo.

E como não falar da própria April, não é mesmo? Menina decidida e insegura como qualquer adolescente. Ela não é uma personagem chata, que te deixa entendiada enquanto lê, porém é uma contradição. Por muitas vezes fiquei esperando a tal rebeldia dela aparecer e, no entanto, não apareceu. Pode até ser que isso seja a representação da fraqueza de uma adolescente, mas ainda assim esperei pelo "tchan" da rebeldia dela. Não era tão rebelde o quanto eu imaginava, mas, de uma forma geral, gostei dela.

Um fato que me deixou incomodada foi a "americanização" do livro, o que mostra a grande influência que Mônica e Monique possuem da literatura estrangeira. Não estou dizendo que um autor brasileiro não possa escrever sobre uma outra cultura, é claro que pode. O que quero colocar em questão é que, por muitas vezes no decorrer do livro, eu vejo uma confusão entre a nossa própria cultura e a cultura norte-americana. Desta forma, eu ainda acredito que as meninas poderiam ter escrito sobre uma brasileira passando por todas essas situações, afinal, elas teriam toda a liberdade de escrever sobre uma cultura na qual elas mesmas estão inseridas. 

Quanto a capa do livro, está bem bonita assim como a diagramação como um todo. Entretanto, ela não faz nenhuma ligação com a história em si. A trama se passa nos tempos atuais, então a moça da capa deveria estar com roupas mais modernas e não com este vestido da Idade Média. A editora pisou na bola quanto a isso.

E, bem, o livro termina com um "gostinho de quero mais", o que tudo indica que terá uma continuação. Claro que estou curiosa para ler - aliás, a curiosidade é o que mais te faz se prender à história -, pois muitas coisas vêm por aí para desvendar certos mistérios.

Apesar de "Sete Vidas" ser considerado um livro feito para o público juvenil, acredito que daria para encaixá-lo no gênero de literatura infanto-juvenil, pois é uma ótima pedida para introduzir crianças de 10 anos ao mundo da mitologia. 

Esta é a dica de hoje, espero que tenham gostado!

Beijos :)

4 comentários:

  1. Acho que eu só tinha visto a capa desse livro em outros blogs por aí, não sabia do que se tratava. Well, não seria uma leitura urgente, mas fiquei curiosa em lê-lo sim ><

    Beijos
    Meu outro lado

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    1. Oi, Jennifer!

      É um livro bom, dá para ler num dia calmo para relaxar!

      Bjins e obrigada pela visita!

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  2. Eu já tinha visto a capa no site da editora, mas realmente não sabia do que se tratava, apesar de achá-la linda!
    Achei o enredo bem interessante, apesar de não colocá-lo na lista de prioridades.

    Um beijo,
    Luara - Estante Vertical

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    Respostas
    1. Oi, Luara!

      A sinopse do livro não é tão interessante, parece uma coisa bem clichê mesmo. Mas aí, quando você lê o livro e o analisa, encontra umas coisas muito interessantes, como o lado da fantasia que eu mencionei no post.

      Bjins e obrigada pela visita!

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